Delegação de jovens ativistas ambientais na COP30. (Foto: Alana/Divulgação)
Entre agosto e setembro, quando o País acertava os últimos preparativos para a conferência mundial do clima, 90% dos estudantes brasileiros, do ensino fundamental ao médio, desconheciam o que era a COP-30. Na rede particular a situação era um pouco melhor, mas, de cada 10 alunos, apenas 4 sabiam do que se tratava. E mais: somente 25% dos estudantes conseguem explicar o que são as mudanças climáticas, enquanto 1/3 deles admite não saber nada sobre o assunto.
O levantamento, feito pela Equidade.info, instituição presidida pela educadora Claudia Costin, em parceria com a Frente Parlamentar Mista da Educação, mostra que promover a conscientização ambiental não é tarefa simples. Mais do que isso, revela que as escolas, que deveriam funcionar como catalisadoras, disseminando conhecimento e fomentando debates, passam ao largo do tema. Desde a primeira COP, em 1995, na Alemanha, o mundo busca firmar consenso sobre como reduzir ou retardar os efeitos da emissão de gases que aceleram o aquecimento do planeta, mas o debate existe há mais de quatro décadas.
De acordo com a pesquisa, que além de mais de 3 mil estudantes ouviu também professores e gestores em todo o País, a ampla maioria não vê a atividade escolar como palco de discussão dos desafios climáticos. Entre os alunos, 64% avaliam que a escola prepara pouco ou nada sobre as mudanças no meio ambiente. Entre os docentes, a percepção da falta de preparo é ainda maior, chegando a 69%.
O ativismo ambiental juvenil ganhou notoriedade mundial em 2018, quando a sueca Greta Thunberg, então com 15 anos de idade, iniciou uma série de protestos solitários contra o aquecimento global. Sem entrar no mérito das ideias ou utopias de Greta, pode-se dizer que, no Brasil, ela seria exceção.
A desconexão do cotidiano estudantil com o esforço de combate às transformações do clima reforça a complexidade de mobilização da própria sociedade em relação a ações concretas para enfrentar e conter os extremos climáticos. Os dados deixam claro que não existe hoje preocupação em formar consciência crítica sobre o que provoca alterações tão graves a ponto de colocar em risco a própria existência humana no futuro.
Considerando que a ignorância é terreno fértil para a propagação de teorias sem respaldo científico, o desconhecimento de crianças e adolescentes sobre a COP-30 e sobre a própria questão ambiental é um duplo prejuízo. Primeiro, por minar o interesse em torno do principal fórum para definição de estratégias e compromissos para contenção do aquecimento global. O despreparo favorece também a propagação de campanhas negacionistas, mais frequentes a partir da ascensão de Donald Trump à Presidência dos EUA – o segundo maior emissor de gases poluentes do mundo.
Embora a maioria dos estudantes entrevistados afirme ao menos já ter ouvido falar sobre mudanças climáticas, isso não diz muita coisa, sobretudo porque poucos conseguiram explicar o que isso significa, mas já é um começo. Cabe à sociedade mobilizar-se para que esta geração saiba o que o futuro lhe reserva. (Opinião/O Estado de S. Paulo)
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