Conforme a Conab, “diante da expressiva queda dos preços ao produtor e da consequente redução na rentabilidade”, ocorre uma tendência de retração da área. Foto : Paulo Lanzetta/Embrapa Divulgação
É o que aponta o segundo levantamento da safra brasileira de grãos 2025/26, divulgado hoje pela Conab
A segunda estimativa para a safra brasileira de grãos em 2025/26 indica um volume de produção de 354,8 milhões de toneladas. Com o avanço da semeadura das culturas de primeira safra, a Companhia Nacional Abastecimento (Conab) prevê uma área total de 84,4 milhões de hectares no atual ciclo, crescimento de 3,3% na área cultivada em relação à safra 2024/25, como mostra o 2º Levantamento de Grãos da Safra na atual temporada, divulgado nesta quinta-feira, 13, pela Companhia.
Já a produtividade média nacional, ainda resultante de análises de modelos estatísticos e previsões climáticas, está projetada em 4.203 quilos por hectare. Contudo, a Companhia segue atenta às condições de clima das regiões produtoras, acompanhando os eventos climáticos adversos como o ocorrido no Paraná, a irregularidade das chuvas em Mato Grosso e o atraso das precipitações em Goiás, a fim de qualificar as informações de desempenho das lavouras conforme o desenvolvimento das culturas.
No caso do arroz, a estimativa da Conab é de uma produção de 11,3 milhões de toneladas na atual temporada, redução de 11,5% em relação à safra anterior influenciada pela menor área cultivada.
No Rio Grande do Sul, principal estado produtor do grão, a semeadura alcança mais de 78% do previsto, apesar de em algumas áreas ter ocorrido atraso na operação, devido aos volumes de chuva que impediam a entrada de maquinário no campo.
Contudo, de uma forma geral, as lavouras têm se desenvolvido de forma satisfatória, ainda que, em algumas áreas, haja irregularidade das chuvas em volume e intensidade.
“Em relação à área, diante da expressiva queda dos preços ao produtor e da consequente redução na rentabilidade do setor, observa-se uma tendência consistente de retração da área cultivada nos principais estados produtores”, destaca a Conab.
“Quanto a produtividade, após uma safra 2024/25 marcada por condições climáticas muito favoráveis e por maior investimento dos produtores — que resultou em recordes de rendimento em diversos estados —, a expectativa para 2025/26 é de desempenho inferior”, acrescenta. “Essa queda reflete a previsão de um clima menos favorável à cultura e a provável redução dos investimentos no campo, em função do cenário de preços reduzidos”.
Ainda segundo a Conab, quanto ao quadro de oferta e demanda, mais especificamente à balança comercial, para a safra 2024/25 projeta-se expansão das exportações brasileiras para 1,6 milhão de toneladas, impulsionada pelos baixos preços internos e pelo excedente nacional do grão.
“Para a safra 2025/26, com a manutenção de um cenário de ampla oferta interna, o país deverá ampliar ainda mais o volume exportado, alcançando 2,1 milhões de toneladas. As importações devem permanecer estáveis, em 1,4 milhão de toneladas nas duas safras (2024/25 e 2025/26), com destaque para os parceiros do Mercosul — Argentina, Paraguai e Uruguai — como principais fornecedores de arroz ao Brasil”, ressalta a empresa.
Já o consumo interno é estimado em 11 milhões de toneladas, volume estável em relação à safra anterior. O consumo é calculado como variável de ajuste do quadro de suprimento, considerando os estoques de passagem apurados pelo IBGE, os dados de comércio exterior consolidados pela SECEX/MDIC e a produção nacional estimada pela Conab.
“Dessa forma, projeta-se um expressivo aumento (+313,5%) nos estoques de passagem ao final da safra 2024/25 (posição de fevereiro de 2026), em função do atual excedente de oferta no país. Para a safra 2025/26, a expectativa é de leve redução (-19,9%) desses estoques (posição de fevereiro de 2027), embora ainda em patamar elevado”, complementa a estatal.
Soja cresce
No caso da soja, o levantamento da Conab indica incremento de 3,6% na área a ser semeada em 2025/26, totalizando 49,1 milhões de hectares, com produção estimada em 177,6 milhões de toneladas. De acordo com o Progresso de Safra da estatal, publicado nesta semana, o plantio da oleaginosa no atual ciclo segue dentro da média dos últimos cinco anos, porém atrasado quando se compara com o percentual registrado em período semelhante da temporada anterior, com destaque para Goiás e Minas Gerais.
Nestes dois estados, não foram registrados índices de chuvas satisfatórios para o avanço da semeadura. Em Mato Grosso, o plantio segue em ritmo semelhante ao registrado na última safra. Porém, com a instabilidade climática registrada em outubro, a implantação da cultura não foi feita nas condições consideradas ideais, onde algumas áreas semeadas no início de outubro sentiram os efeitos de déficit hídrico, comprometendo a população de plantas por hectare e o estabelecimento inicial da oleaginosa.
Milho reduziu
No caso do milho, a produção total em 2025/26, somando as três safras, está estimada em 138,8 milhões de toneladas, representando redução de 1,6% em relação ao ciclo anterior. Na primeira safra, a área cultivada deve crescer 7,1%, com produção prevista em 25,9 milhões de toneladas. O plantio do primeiro ciclo do cereal já atinge 47,7% da área, índice levemente superior à média dos últimos 5 anos.
As baixas temperaturas ocorridas durante certos períodos em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, retardaram a emergência e o desenvolvimento inicial da cultura, mas ainda sem interferir no potencial produtivo.
Além disso, algumas lavouras tiveram impactos negativos em decorrência das intensas precipitações, fortes ventos e granizos ocorridos no início de novembro no Paraná, posteriores aos levantamentos realizados em campo. Os possíveis impactos decorrentes desses eventos meteorológicos ainda estão sendo avaliados pela Conab.
Para o feijão, é esperada uma colheita total, somadas as três safras, de 3,1 milhões de toneladas, volume semelhante ao obtido no ciclo passado. A primeira safra da leguminosa deve apresentar redução de 7,3% na área plantada, totalizando 841,9 mil hectares, com expectativa de produção de 977,9 mil toneladas, 8% inferior à safra passada. O plantio segue em andamento nos principais estados produtores, já concluído em São Paulo, Paraná com 91% e Minas Gerais com 44%.
Trigo: clima ajudou
Dentre as culturas de inverno, a safra 2025 ainda está em fase de colheita. A produção de trigo, principal produto semeado entre as culturas de inverno, está estimada em 7,7 milhões de toneladas. De modo geral, observa-se que, nas principais regiões produtoras, as condições climáticas foram favoráveis ao desenvolvimento da cultura.
Entretanto, a redução dos investimentos em insumos, especialmente fertilizantes e defensivos, tornou as lavouras mais suscetíveis a doenças e limitou o pleno aproveitamento do potencial produtivo, resultando em espigas menores e com menor número de grãos. Vale destacar que no Paraná, as chuvas intensas, registradas no início de novembro, podem influenciar as lavouras que ainda permanecem em campo.
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Conab – Divulgação: scctv.net.br/Rádio Giramundoweb/@Giramundoweb/@SCCTV3





