Segundo a companhia aérea Voepass, antiga Passaredo, avião tinha 57 passageiros e quatro tripulantes – Foto: Claudia Vitorino/ Arquivo pessoal
Um avião da companhia Voepass, antiga Passaredo, com 57 passageiros e 4 tripulantes a bordo, caiu no início da tarde desta sexta-feira em uma área residencial de Vinhedo (SP), na Região Metropolitana de Campinas. Não houve sobreviventes, mas nenhum morador do bairro onde caiu a aeronave ficou ferido. O acidente foi o quinto mais letal em solo brasileiro e o mais grave no Brasil desde a queda do Airbus da Air France no Atlântico, em que morreram 228 pessoas que haviam saído do Rio rumo a Paris.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) e a Polícia Federal investigam as causas do desastre. O avião, um turboélice bimotor ATR-72, saiu de Cascavel (PR) às 11h56m com destino ao aeroporto de Guarulhos e caiu em estol (fazendo movimentos circulares numa trajetória vertical até atingir o solo).
— Estava saindo da residência quando vimos a aeronave explodindo na garagem. Perdemos bastante coisa. Mas, diante de tudo que aconteceu, foi o menor possível. Foram bens materiais — afirmou Luiz Augusto de Oliveira, morador da casa em que caiu o ATR-72.
Perto de escola
A queda foi a poucas quadras de uma escola onde havia 90 crianças no momento do acidente. A coordenadora Elaine Cristina Martins da Silva contou que ouviu um barulho crescente de hélices pouco antes.
— Pensamos que poderia ser só mais um avião, mas o barulho foi aumentando. Vi o avião caindo — relatou Elaine, que pouco depois ficou sabendo que o avião havia caído no condomínio onde ela mora com o marido, Ricardo Rosalem, e o filho João Henrique Martins, de 14 anos. — Comecei a ligar, mas eles não me atendiam, fiquei desesperada.
João estava em casa com o pai. O imóvel fica em uma rua acima do ponto do choque do bimotor com o solo. Os dois saíram de casa logo após ouvir um estrondo e foram de carro e viram o fogo e a fumaça.
— Os cachorros começaram a latir e ouvimos o barulho — conta João.
A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que o piloto do avião não relatou emergência antes do desastre e o voo “ocorreu dentro da normalidade” até as 13h20m. “No entanto, a partir das 13h21m a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas. A perda do contato de radar ocorreu às 13h22m”, informou a FAB.
O chefe do Cenipa, Marcelo Moreno, disse que os investigadores que foram ao local do acidente encontraram os gravadores de voz e de dados do avião.
— Isso é importante para poder reconstruir o acidente. São dois tipos de gravador. Um grava vozes. Tudo o que piloto e o copiloto falam e tudo o que é conversado dentro da cabine. O outro é um gravador de dados, existem vários modelos, mas basicamente eles mostram a velocidade, se o flap estava abaixado etc — explicou Moreno.
Ele acrescentou que o centro vai levantar as conversas entre os pilotos e “tudo o que for preciso”. Moreno ponderou que é preciso avaliar o grau de destruição em que os equipamentos foram encontrados:
— Nós temos capacidade de fazer a extração de equipamentos bem danificados. Eventualmente, precisamos levar para o fabricante nos Estados Unidos.
Diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Ricardo Catanant afirmou na mesma entrevista coletiva em Brasília que a o bimotor estava regular e tinha 14 anos de uso:
— Ele entrou no Brasil em 2022. Nesse caso, está tudo de acordo conforme o previsto na nossa regulamentação.
A Voepass informou que o avião havia saído em situação regular de Cascavel. A empresa informou que está priorizando a assistência às famílias das vítimas e colabora com as autoridades para apuração das causas do acidente.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou luto de três dias pela tragédia, depois de lamentar o desastre e pedir um minuto de silêncio em um evento em Santa Catarina, onde estava ao ser informado da queda. Os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), foram a Vinhedo acompanhar os trabalhos de resgate.
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Por Eduardo Gonçalves, Guilherme Queiroz, Karolini Bandeira, Luis Felipe Azevedo e Paolla Serra — São Paulo, Brasília e Rio – Divulgação: scctv.net.br/Rádio Giramundoweb