Uma jovem foi vítima de racismo no seu primeiro dia de trabalho em uma unidade da Drogasil, em São Paulo. O caso envolvendo Noemi Oliveira Silva foi registrado em 2018, mas viralizou recentemente após a publicação do vídeo feito na época. A rede de drogarias afirma que lamenta o episódio e reitera compromisso da RD Saúde com o respeito, a diversidade e a inclusão.
As imagens foram, inclusive, compartilhadas em grupo de funcionários da rede farmacêutica – prática adotada para apresentar novos funcionários, segundo disse a defesa de Noemi. Precisando trabalhar, a jovem continuou na empresa até 2022, quando foi demitida e entrou com ação.
Conforme o Tribunal Regional do Trabalho da 2º Região, no caso em questão, o Regional fixou a indenização por danos morais no valor de R$ 37.258,05. Com correções monetárias, ela recebeu cerca de R$ 52 mil, de acordo com a advogada de defesa Daniela Calvo Alba. O processo chegou ao fim em 2024. Após o período de execução, o pagamento foi feito pela empresa em fevereiro de 2025.
As ofensas racistas entram dentro de um processo trabalhista que a jovem moveu, em 2022, contra a rede de drogarias sobre horas extras e intervalo de descanso que não era respeitado, mas ela aceitou, por orientação da defesa, incluir pedido de danos morais em razão do ato de preconceito.
Por meio das redes sociais, o Conselho Federal de Farmácia (CFF) disse nesta terça-feira, 12, que repudia com veemência qualquer ato de racismo ou preconceito no ambiente de trabalho farmacêutico.
“Somente agora, sete anos depois, a vítima publicou em suas redes sociais o vídeo registrado na época. Nas imagens, a própria pessoa responsável pelas ofensas grava Noemi se apresentando à equipe. Logo em seguida, dispara palavras cruéis: ‘Tá escurecendo a nossa loja? Acabou a cota, tá, gente? Negrinho não entra mais’. O sorriso de Noemi se apaga imediatamente diante da humilhação”, descreve o CFF.
O presidente do CFF, Walter Jorge João, destaca que racismo é crime e deve ser denunciado, e afirma que o conselho continuará apoiando medidas para proteger trabalhadores e trabalhadoras contra qualquer forma de discriminação. “Nossa resposta é clara: não aceitaremos injustiça ou desrespeito em nenhuma circunstância”, disse João.
Veja na íntegra o posicionamento da farmacêutica:
“Lamentamos profundamente o episódio que ocorreu em 2018. Reiteramos o compromisso da RD Saúde com o respeito, a diversidade e a inclusão. Nossa empresa não compactua com nenhum tipo de discriminação. Diversidade e respeito são valores primordiais.
Temos investido de forma consistente em desenvolvimento de carreiras e iniciativas de promoção e de equidade racial. Em 2024, encerramos o ano com mais de 34 mil funcionários pretos e pardos e nos orgulhamos de ter atualmente 50% das posições de liderança ocupadas por pessoas negras, resultado direto de programas estruturados de inclusão e valorização. Nosso propósito é continuar investindo em ações concretas para garantir ambientes de trabalho diversos e inclusivos e contribuir para uma sociedade mais justa e igualitária.”
“Essa daqui é a Noemi, nossa nova colaboradora. Fala um oi, querida. Tá escurecendo a nossa loja? Tá escurecendo. Acabou a cota, tá? Negrinho não entra mais”, diz a agressora, enquanto ri.
Em seguida, em tom de ironia, a funcionária passa a listar as tarefas que deveriam ser feitas por ela no local de trabalho: “Nossa, vai ficar no caixa? Que incrível. Vai tirar lixo? Que incrível. Paninho também, passar no chão? Ah… E você disse sim, né?”
Aos repórteres, Noemi contou que, no momento das ofensas, ficou sem reação, “anestesiada”:
Após o episódio, Noemi relatou que continuou na empresa porque entendeu que podia fazer a diferença no ambiente, tanto que foi promovida a supervisora em 2020.
Em 2022, no entanto, ela afirmou que um supervisor a agrediu verbalmente e quase fisicamente. “Eu falei para a gerente: ‘Ou você me recoloca em outra loja ou me manda embora’. Ela me mandou embora em fevereiro.”
Justamente a demissão impulsionou a busca por seus direitos. “Eu não queria processar, queria esquecer essa etapa da minha vida, foi uma fase muito ruim. Mas aí recebi uma indireta de uma funcionária, como se eu tivesse jogado tudo para o alto a troco de nada. Esse foi o empurrãozinho”, explicou.
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História de Renata Okumura – Divulgação: scctv.net.br/Rádio Giramundoweb/@Giramundoweb/@SCCTV3






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