Município de Camaquã também se destaca na produção de arroz-Foto: Pedro Revillion/Palácio Piratini
O maior produtor de fumo no sequeiro, o sexto maior produtor de arroz do Estado e, na safra do último ano, o segundo município mais eficiente no cultivo da soja no Rio Grande do Sul, com 3,7 mil toneladas colhidas por hectare. Está em Camaquã o maior VAB Agrícola entre as regiões Metropolitana, Vale do Sinos, Centro-Sul e Litoral, de R$ 259,1 milhões.
“A nossa economia sempre foi movida pela agricultura. Pelas nossas características geográficas, com uma parte alta e a várzea, a forma de plantio, historicamente, também se diversificou”, conta o presidente do Sindicato Rural de Camaquã, Paulo Griebeler.
Na parte mais alta da cidade, estabeleceram-se os produtores familiares de fumo. Conforme a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), o Sul do Estado, que inclui a região Centro-Sul, concentra o segundo maior volume regional de produtores, com 20,7 mil na safra 2021/22, e a maior eficiência na lavoura, tendo colhido no ano passado 2,2 mil toneladas por hectare.
Já na área de várzea, Camaquã vive um cenário de mudança, e, em períodos de estiagem, de vantagem em relação a outras regiões do Estado. A soja chegou valorizada e não houve prejuízos com a seca. Ao contrário.
“Aqui, o nosso problema é o excesso de água, não a falta. Mas depois que houve o desenvolvimento desse plantio da soja adaptado ao nosso solo, é uma cultura que veio para ficar. Diferente de outras regiões, aqui não há arrendamento por parte de produtores do Norte. São os produtores de arroz que adaptaram as suas propriedades e têm conseguido vantagem, inclusive, no plantio do arroz”, explica Griebeler.
O rendimento médio da soja no município, aponta o dirigente, é de 50 sacas por hectare. Em alguns casos, chega a 80. A ocupação das terras com o grão, em alguns casos, até supera a área plantada com o tradicional arroz. No entanto, a produtividade do arroz foi multiplicada. Seja pelo trato do solo com a rotatividade das culturas ou pela maior capitalização dos produtores, que passaram a investir em maquinários. A média saltou de 100 sacas por hectare para 230 sacas.
O destino da produção fica bem próximo. A Camil, líder nacional no beneficiamento de arroz, tem unidade no município, assim como a Blue Ville.
E também há o fortalecimento cooperativo dos produtores de arroz. A Coopac comprou recentemente, com um investimento de R$ 20 milhões, a antiga unidade da Cesa em Camaquã, e o local passou a beneficiar parte do arroz plantado pelos associados.
De acordo com o Instituto Riograndense do Arroz (Irga), entre a planície costeira interna e externa, foram cultivados 216,7 mil hectares de arroz em 2022, resultando em 11,8 milhões de toneladas produzidas do grão. É 25% de toda a produção gaúcha.
Produção rural em destaque
Fumo
* Camaquã
* Barão do Triunfo
* Mariana Pimentel
Arroz
* Camaquã
* Mostardas
* Tapes
* Palmares do Sul
* Viamão
Soja (mais eficientes)
* Barra do Ribeiro
* Camaquã
* Cristal
* Tapes
* Butiá
Floresta Plantada
* Butiá
* Triunfo
* Mostardas
* Dom Feliciano
* São Jerônimo
Banana
* Três Cachoeiras
* Morrinhos do Sul
* Mampituba
* Dom Pedro de Alcântara
* Três Forquilhas
Melancia
* Triunfo
* São Jerônimo
* Charqueadas
Fonte: Secretaria Estadual da Agricultura
Arroz do Litoral Norte gaúcho tem diferencial

Camaquã está do lado interno da Lagoa dos Patos. No lado externo, os arrozeiros têm um diferencial reconhecido. Desde 2010, o chamado “arroz do Litoral Norte gaúcho” tem a identificação de procedência, que lhe garante um selo de qualidade diferenciado no mercado. Há, no entanto, uma dificuldade. Para garantir o selo, o produto precisa ser beneficiado na própria região do Litoral.
“Hoje beneficiamos 1,5 milhão de fardos, mas somente 170, em torno de 1% da produção, recebe o selo. É o arroz de maior qualidade e, portanto, o mais caro no Rio Grande do Sul. Ainda não é algo reconhecido pelo consumidor final, mas é uma sementinha que estamos plantando para valorizar o produtor e estimular também a cadeia produtiva de beneficiamento na nossa região nos próximos anos”, diz o presidente da Cooperativa Arrozeira Palmares, de Palmares do Sul, José Mathias Martins.
Atualmente, a cooperativa é a única produtora com arroz certificado pelo selo no mercado. Entre os diferenciais do arroz do litoral estão o alto percentual de grãos inteiros e o alto rendimento quando vai para a panela. Resultado de uma combinação única entre os ventos, a salinização do solo e as características do plantio.
Em média, o arroz produzido nesta região é comprado pela indústria a 8% acima do preço normal. E o principal mercado, aponta Martins, está em regiões como São Paulo, Goiás e Minas Gerais. De lá, o arroz litorâneo, sem o selo de procedência, ganha as mesas de todo o Brasil e exterior.
Fonte: Eduardo Torres – Divulgação: scctv.net.br