Governo tenta dar impulso ao Desenrola na reta final do programa. (Foto: Divulgação/Sebrae)
A 45 dias do fim do Desenrola, o governo federal ainda tenta impulsionar o programa, que não decolou como se previa inicialmente. Essa semana foi anunciada uma parceria com a Serasa, que permite que os clientes da companhia façam “login” no site ou aplicativo próprio e depois sejam redirecionados para a plataforma oficial.
Esse seria o primeiro de alguns acordos para ajudar na capilaridade, mas fontes do setor bancário não acham que as medidas serão suficientes.
Em entrevista a jornalistas, Alexandre Ferreira, coordenador-geral de economia e legislação do Ministério da Fazenda, afirmou que já foi usado R$ 1 bilhão das reservas do Fundo Garantidor de Operações (FGO), do total de R$ 8 bilhões disponíveis.
Quando o programa foi lançado, havia uma expectativa de que os fundos do FGO fossem consumidos rapidamente e o governo falava que até 70 milhões de pessoas poderiam ser beneficiadas. Por enquanto, esse número chega a 12 milhões.
Questionado se o programa não decolou, Ferreira afirmou que quando o Desenrola foi lançado, não se esperava um nível de descontos tão grandes, e que isso fez com que a necessidade de consumir recursos do FGO fosse menor. “Já foi consumido R$ 1 bilhão em reservas, é um indicativo de que temos espaço… Até o fim de marco esperamos ampliar ainda mais.”
Segundo Ferreira, os primeiros dias da parceria com a Serasa, iniciada no dia 9, foram muito positivos, mesmo durante o Carnaval. Além de birôs de crédito, poderão entrar como parceiros os agentes financeiros do programa, como bancos e fintechs. “Conversas ainda estão em andamento no nível técnico, operacional, da B3”, afirmou.
Questionado se o governo fará uma ampla campanha de marketing para impulsionar o programa, como tem cobrado o setor bancário, o representante da Fazenda se esquivou. “Estamos fazendo ajustes incrementais, na agenda evolutiva do sistema. É um programa inédito e que já deu resultados muito bons.”
Novidade
Outra novidade recente é a possibilidade de usuários titulares de conta “bronze” na plataforma Gov.br fazerem o financiamento de dívidas. Antes, esses usuários só podiam pagar seus débitos à vista. As mudanças no Desenrola foram antecipadas pelo Valor no mês passado. “Estamos facilitando o acesso para ampliar o alcance nessa reta final do programa.”
Segundo Adriano Pahoor, representante da B3 e CEO da PDtec, ficou claro que o consumidor com conta bronze era importante para o programa, representando 45% do público elegível. Desde 12 de dezembro, quando esse perfil começou a poder pagar à vista, ele soma 19% do total.
Desde 29 de janeiro, quando entrou em vigor a possibilidade de financiamento, esse percentual subiu para 30%. E, desde 9 de fevereiro, quando começou a parceria com a Serasa, aumentou para 38%. Em poucos dias, foram 455 mil consumidores direcionados pela Serasa para o Desenrola.
Procurada, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou que as mudanças no Desenrola são importantes, porque têm o objetivo de aumentar a adesão ao programa, “que comprovou ser um instrumento importante na renegociação de dívidas (bancárias e outras) de clientes negativados, que beneficia as famílias brasileiras, e ao mesmo tempo, a economia brasileira como um todo, ao reduzir as dívidas da maior quantidade possível de pessoas”.
Pouco otimistas
Executivos do setor, no entanto, são menos otimistas. O CEO de um banco médio, que atua com classes de renda mais baixas, conta que não há muitos benefícios em trabalhar na questão técnica para se tornar parceiro do programa e possibilitar o login via aplicativo próprio.
“Quem entrar, provavelmente vai entrar em março para um programa que acaba no próprio mês de março, uma janela muito curta para valer qualquer investimento.
E também achamos que se o cliente está no nosso canal, é preferível manter ele no canal e tentar fechar o acordo do que direcioná-lo para outro lugar. Não acho que ninguém está levando essa frente muito a sério.”
Os líderes na oferta de financiamento para clientes que optam por parcelar suas dívidas no âmbito do Desenrola são Nubank, Inter e Pan.
Divulgação: scctv.net.br/Rádio Giramundoweb